Truxt reforça equipe macro com foco em ativos internacionais – Valor, 03 de dezembro de 2018
A Truxt Investimentos, fundada há quase um ano e meio por José Alberto Tovar e Bruno Garcia com outros ex-executivos da ARX Investimentos, reforçou o seu time de gestão, com a contratação de dois profissionais vindos da GAP Asset Management. Com esse passo, a gestora de recursos pretende aumentar a sua capacidade de investimentos – e por consequência de captação – ao ganhar mais suporte para avaliação de alternativas no mercado internacional.
Rafael Gaspar e Romeu Dellazeri se integraram à equipe dedicada à estratégia macro, que já tinha nomes como Mariana Dreux e Fábio Bichmacher. Juntos, eles vão ampliar a cobertura de ativos ligados a juros e câmbio em emergentes como Turquia, África do Sul, Argentina ou República Tcheca, bem como em países do G-7, o grupo das economias mais ricas do mundo. A intenção, segundo Tovar, executivo-chefe da casa, é que de 30% a 40% de geração de alfa (o excesso de retorno) dos fundos dessa linhagem venha da seleção “offshore”.
Em renda variável, o esforço tem sido no sentido de expandir o filtro em ações listadas em bolsas da América Latina, processo liderado por Bernardo
Valle, ex- SPX, na casa desde o início do projeto e que responde diretamente a Garcia, executivo-chefe de investimentos. Mercados como México, Chile,
Peru e Colômbia vêm passando pelo pente fino da casa.
Com quase 40 pessoas na equipe e cerca de R$ 9,5 bilhões sob gestão, o executivo estima que a Truxt possa atingir um patrimônio não muito maior do que o atual, de até R$ 12 bilhões, sob as condições de liquidez que dispõe hoje. A estratégia macro, com R$ 4,5 bilhões, poderia chegar a R$ 5,5 bilhões com o aumento de capacidade trazido pelos novos executivos.
Já o acréscimo de ações da América Latina acaba tendo efeito mais limitado no bolo, pois os mercados da região rodam sob condições de liquidez mais estreitas. As estratégias de renda variável dos fundos de arbitragem (“long biase” e “long short”) estão fechadas para captação, mas o portfólio de ações puro sangue, com cerca de R$ 600 milhões, ainda comporta novos recursos.
“A gente não viu ainda movimentação nem do investidor médio brasileiro, nem das fundações ou dos grandes estrangeiros no período eleitoral e no pós.
Esse é um fluxo que se espera, mas não aconteceu”, cita Tovar.
Para o executivo, as primeiras movimentações para a formação da equipe econômica do governo de Jair Bolsonaro (PSL) são animadoras, com uma sinalização pró-reformas e de diminuição do tamanho do Estado. Mas ainda há dúvidas sobre a implementação do ajuste fiscal, enquanto o cenário internacional se mostra mais hostil para os emergentes.
Ele cita o processo de aumento de juros nos Estados Unidos, com o aquecimento da atividade econômica por lá causando pressões inflacionárias, como um dos ingredientes de incertezas para os países emergentes. Da guerra comercial travada pelo governo americano de Donald Trump, a expectativa é que venha algum alívio na imposição de tarifas à China.
A estratégia macro segue aberta para captação. Pesando cenário local e externo, a gestão tem mantido a carteira sem muito risco: levemente comprada em bolsa brasileira, sem posições em juros locais, e já carregando há algum tempo uma aposta no aumento das taxas nos Estados Unidos. Há posicionamento semelhante em juros da República Tcheca.
A Truxt foi fundada em junho do ano passado quase uma década após a venda da ARX, fundada por Tovar em 2001, ao Bank of New York Mellon. Foi quando a proposta de “partnership” com o grupo americano não vingou e venceu a cláusula de não-competição que ele e Garcia partiram para o novo
projeto, levando consigo 12 pessoas do antigo time.